A avaliação sobre nosso estágio de desenvolvimento econômico e social resvala sempre na figura de um copo meio cheio, meio vazio. Superamos a alta inflação crônica desde o Plano Real. Aproveitamos o boom das commodities e deixamos para trás o estrangulamento cambial. O crescimento nos últimos dois anos, pouco acima de 3%, não foi ruim e resultou em desemprego baixo.
Universalizamos o o ao ensino básico e consolidamos o SUS. Construímos uma densa rede de proteção social. Modernizamos setores essenciais, como o energético e o de telecomunicações. Nossa democracia resistiu à perda de Tancredo Neves, a dois impeachments, a toda sorte de ameaças autoritárias e crises políticas.
No entanto, nossa renda per capita deverá fechar 2025 como a 79ª entre os países com dados estimados pelo FMI, sendo o equivalente a 25% da renda média dos americanos. Nosso desempenho na avaliação internacional da educação (Pisa) é muito inferior ao de países como o Vietnã. Enquanto os países asiáticos investem em média cerca de 35% de seus PIBs, o Brasil não a de 17%.
Nossa produtividade é baixíssima. A infraestrutura, a capacidade de inovação tecnológica e qualificação de nosso capital humano se colocam em patamar inferior ao necessário para impulsionar o salto de desenvolvimento desejado. O crime organizado e suas poderosas facções assombram os grandes centros urbanos, desafiam o Estado brasileiro e infernizam o sistema penitenciário.
A deterioração de nosso presidencialismo de coalizão complica o encaminhamento de soluções. A crise fiscal chegou ao limite, como demonstram as discussões presentes sobre aumento de tributos e estrangulamento orçamentário. A carga tributária é muito alta para um país emergente, 34% do PIB. O Orçamento brasileiro é o mais engessado do mundo.
As despesas obrigatórias já representam 95% do total. Para ter uma ideia, o PAC, que reúne os projetos estratégicos selecionados pelo governo como as sementes do Brasil do futuro, terá investimentos em torno de R$ 50 bilhões este ano, pouco mais de 2% da receita liquida primária que o governo tem para governar.
Isso, num país continental tão carente de estradas, ferrovias, portos, aeroportos, projetos de irrigação, soluções hídricas, tecnologias inovadoras, saneamento e moradia. As tristemente famosas bets faturarão em apostas, em 2025, cerca de R$ 300 bilhões, ou seja, seis PACs. Durma com um barulho desses!
O Brasil tem pressa e exige mudanças. As soluções nascerão da política.
O ciclo 1992-2016 foi dominado pela polarização entre PSDB e PT, tendo como figuras emblemáticas FHC e Lula. De 2017 a 2025, a polarização se radicalizou em torno de Bolsonaro e Lula. Talvez seja hora de inaugurar um novo ciclo.
Quem sabe não é hora de Lula e Bolsonaro arem o bastão? Quadros experientes, talentosos e testados, de vários partidos e regiões, não faltam: Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Fernando Haddad (PT-SP), Tarcísio de Freitas (REP-SP), Ronaldo Caiado (UB-GO), Eduardo Leite (PSD-RS), Eduardo Paes (PSD-RJ), Renan Filho (MDB-AL), João Campos (PSB-PE), Hélder Barbalho (MDB-PA), Raquel Lira (PSD-PE), Ratinho Jr. (PSD-PR), Eduardo Rieddel (PSDB-MS), Rogério Marinho (PL-RN), entre outros.
A nova geração pede agem, e o país reclama um novo ciclo político que patrocine um desenvolvimento sustentado, sustentável e vigoroso!