Começou o Setembro Amarelo, mês da campanha nacional de prevenção ao suicídio no Brasil. Na esteira automotiva, o autoextermínio está ligado ao curioso apelido dado às portas traseiras articuladas em veículos: as portas suicidas.
As portas suicidas tiveram origem nas carruagens puxadas por cavalos, sendo posteriormente adotadas pelos primeiros carros no início do século XX. No entanto, sua popularidade diminuiu com o tempo, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, devido ao surgimento dos primeiros cintos de segurança.
Por que portas suicidas?
A principal desvantagem dessas portas suicidas era o risco de abertura acidental, o que aumentava a probabilidade de queda do veículo, o que levava a crer ser um "ato suicida" transitar a bordo de carros com esse tipo de porta.
A má fama e a alcunha aterrorizante dessa característica de certos veículos pegou de vez foi na década de 30. Durante a era dos gângsteres nos Estados Unidos, as portas suicidas eram populares entre os mafiosos devido à facilidade de empurrar ageiros para fora de veículos em movimento. O fluxo de ar ao redor do carro em movimento segurava a porta aberta, facilitando tais ações.
Portas suicidas: uma nova abordagem
Apesar de sua queda em desuso, as portas suicidas encontraram uma aplicação moderna em algumas versões especiais de carros contemporâneos. A Lincoln, por exemplo, apresentou recentemente uma versão inédita do sedã Continental chamada de "Coach Door Edition".
Nesta versão, o destaque são as portas suicidas, que se abrem em sentido oposto às dianteiras. A produção é limitada, trazendo um toque nostálgico e único aos modelos.
A BMW por sua vez adotou as portas suicidas em seu compacto elétrico: o BMW i3. Entre as marcas luxuosas, o Rolls-Royce Ghost também possui uma porta traseira com abertura suicida.
A era de ouro das portas suicidas no Brasil
No Brasil, as portas suicidas foram empregadas em carros como o DKW-Vemag Belcar e a perua DKW-Vemag Vemaguet, ambos produzidos na década de 1950. À época, era um recurso intrigante e inovador. No entanto, essas portas eram aplicadas apenas nas portas dianteiras dos carros.
Durante esse período, que se estendeu até 1964, esses carros mantiveram a abordagem pioneira das portas suicidas. Entretanto, as preocupações com a segurança e as mudanças nas preferências dos consumidores eventualmente influenciaram uma transformação nas portas desses veículos.
Fiat Strada teve porta suicida
Em 2013, a Fiat reviveu as portas suicidas no Brasil com a Fiat Strada na versão cabine dupla. A montadora italiana inovou no segmento das picapes compactas ao incorporar uma porta suicida na 2ª fileira da Strada, especificamente no lado direito do veículo.
A intenção por trás dessa novidade era facilitar o o à segunda fileira, proporcionando maior conveniência para os ageiros. No entanto, a solução não foi sem desafios práticos. Para abrir essa porta traseira, era necessário abrir previamente a porta do ageiro da 1ª fileira.
A abordagem híbrida não conseguiu resolver completamente as dificuldades de o, o que resultou em ajustes na geração subsequente do modelo.
Em 2020, com o lançamento da 2ª geração da Fiat Strada, a versão cabine dupla abandonou a porta suicida em favor de uma configuração mais convencional, de quatro portas, algo também pioneiro na categoria.